
Há 60 anos, o mundo conheceu um dos filmes mais icônicos da franquia James Bond: 007 Contra Goldfinger. Lançado em 1964 e estrelado por Sean Connery, o terceiro filme da série é um marco na história do cinema de espionagem. O longa estabeleceu muitos dos elementos que se tornaram assinatura dos filmes de Bond, incluindo sequências de ação de tirar o fôlego, personagens emblemáticos, músicas inesquecíveis e gadgets inovadores.

007 Contra Goldfinger acompanha James Bond em uma missão para impedir os planos do implacável magnata Auric Goldfinger (Gert Fröbe). A trama começa com Bond investigando as atividades suspeitas de Goldfinger, que parece estar envolvido em um esquema de contrabando de ouro. Durante a investigação, 007 descobre que o vilão tem um plano ainda mais ambicioso: a Operação Grand Slam, cujo objetivo é invadir o Fort Knox, a reserva de ouro mais protegida dos Estados Unidos, e detonar uma bomba nuclear que contaminará o estoque de ouro do governo americano.
Em vez de roubar o ouro, Goldfinger pretende torná-lo inutilizável por décadas, elevando o valor de seu próprio ouro e desestabilizando a economia mundial.
Ao longo da missão, Bond enfrenta vários obstáculos, incluindo o capanga de Goldfinger, Oddjob (Harold Sakata), conhecido por usar seu chapéu de aba metálica como arma mortal, e da atraente Pussy Galore (Honor Blackman), uma das primeiras Bond Girls que se destaca por sua força e personalidade marcantes.
Curiosidades da produção
A história de Goldfinger, o sétimo romance de Ian Fleming, foi adaptada pelo roteirista Richard Maibaum em abril de 1963, mesma época em que o longa Moscou Contra 007 entrou em produção.
Quando Guy Hamilton assumiu o cargo de diretor, ele procurou adicionar mais humor e ousadia na trama. Trabalhando ao lado do escritor Paul Dehn, um dos diferenciais da abordagem de Hamilton é talvez melhor exemplificado pela escolha do carro de Bond. No livro de Fleming, por exemplo, Bond dirige um Aston Martin DB Mk III, já no filme, o carro foi atualizado para um Aston Martin DB5.

007 Contra Goldfinger foi o primeiro filme a apresentar o famoso carro da montadora britânica. Equipado com gadgets que se tornaram sinônimos do personagem, como metralhadoras, um assento ejetor e um dispositivo de rastreamento, o carro representava o que havia de mais inovador na época e até hoje é lembrado como um dos símbolos mais marcantes de James Bond.

Para o papel do vilão da trama, o produtor Albert R. “Cubby” Broccoli trouxe o ator alemão Gert Fröbe. Já Hamilton foi quem sugeriu Honor Blackman, então popular na TV britânica pelo papel de Cathy Gale em “Os Vingadores”, para interpretar a personagem Pussy Galore, a piloto de Goldfinger e futuro affair de Bond. O diretor também escalou o lutador e medalhista olímpico Harold Sakata, para o papel do impiedoso capanga Oddjob.

As filmagens de 007 Contra Goldfinger começaram no dia 9 de março de 1964 nos estúdios Pinewood. Sean Connery se juntou à produção dez dias depois, pois ainda estava envolvido nas gravações de “Marnie”, de Alfred Hitchcock. A presença do ator foi novamente sentida quando Harold Sakata acidentalmente o atingiu com um golpe de caratê, forçando Connery a ficar uma semana afastado da produção.

As autoridades americanas responsáveis pela administração do Fort Knox não liberaram o acesso da produção para filmar no interior da reserva de ouro. O produtor Albert R. “Cubby” Broccoli declarou que queria uma “catedral de ouro” para o clímax do filme, com isso, coube ao designer de produção Ken Adam, criar um cenário impressionante para a batalha entre Bond e Oddjob.

Outros sets notáveis projetados por Adam incluíam um laboratório de drogas escondido em um tanque de óleo, uma sala que se transforma em centro de estratégia e a Sala de Laser da Auric Enterprises.
Além da estética visual, 007 Contra Goldfinger também definiu o som da franquia. O compositor John Barry escreveu a trilha sonora e o tema do filme, que foi interpretado pela incomparável Shirley Bassey. Com sua voz poderosa e orquestração grandiosa, a música se tornou um dos temas mais emblemáticos da série e estabeleceu o padrão para as canções-tema dos filmes subsequentes.

Além disso, o filme estabeleceu uma estética e um estilo para o espião que seria imitado em inúmeros outros filmes e programas de TV. A música tornou-se um sucesso mundial e levou a trilha sonora ao topo das paradas dos EUA, destronando os Beatles do primeiro lugar.
Pouco antes de seu lançamento, 007 Contra Goldfinger enfrentou objeções do MPAA, o órgão de classificação dos Estados Unidos, que considerou o nome “Pussy Galore” excessivamente ousado para a época. Através de negociações habilidosas, o produtor Albert R. “Cubby” Broccoli conseguiu reverter a decisão, e o filme tornou-se o mais rápido a alcançar uma expressiva bilheteria na franquia.
007 Contra Goldfinger foi o primeiro filme da série a ganhar um Oscar, com Norman Wanstall recebendo o prêmio de Melhor Edição de Efeitos Sonoros.
O legado de 007 Contra Goldfinger, um clássico atemporal
O sucesso de 007 Contra Goldfinger foi imediato, consolidando Sean Connery como o James Bond definitivo e definindo a fórmula dos filmes do espião: gadgets de alta tecnologia, vilões megalomaníacos, cenários luxuosos e cenas de ação espetaculares. Muitos elementos introduzidos no filme, como o carro equipado com armas e dispositivos tecnológicos, se tornaram elementos centrais nos filmes que viriam a seguir.
O filme não apenas foi um marco para a série, mas também influenciou o gênero de filmes de ação e espionagem como um todo. A sua mistura de humor, ação e luxo se tornou a receita para a maioria dos filmes de Bond, servindo de inspiração para gerações de cineastas e fãs da cultura pop.

Mesmo após seis décadas, 007 Contra Goldfinger continua a ser um dos filmes mais amados e reverenciados da franquia. Sua combinação de charme, inteligência e ação fez com que ele se tornasse um clássico atemporal que, até hoje, influencia a forma como vemos o espião britânico e o cinema de espionagem.Goldfinger é mais do que apenas um filme, é um ícone da cultura pop que ajudou a definir James Bond como o agente secreto mais famoso do mundo. Uma obra que, assim como o ouro que tanto fascinava seu vilão, permanece brilhante e valiosa através do tempo.
Confira abaixo o documentário The Goldfinger Phenomenon, que fala sobre o fenômeno e a recepção do filme. O material faz parte dos extras do DVD do filme.